Pelo menos 5 em cada 10 pessoas colocam em suas metas de ano novo aprender um novo idioma – inglês, na maioria dos casos. “Neste ano eu aprendo inglês!” – quem nunca disse isso ou ouviu dizer? E poucos meses depois vem o desânimo e a desistência.
Mas, afinal, por que isso acontece?
PREGUIÇA!
Sim, a velha preguiça. Porém, não se trata aqui de discursos motivacionais abstratos do tipo “you can do it!”, “levanta do sofá e vá estudar!” etc.. Coisas óbvias. Ninguém discorda que sem dedicação não há resultados reais. Por isso não me refiro à preguiça como é conhecida comumente – a inatividade. Falo de uma preguiça diferente, a preguiça do diligente.
Como é isso?
É a pessoa que estuda, que senta todo dia, ou quase todo dia, para estudar, mas o faz de modo deficiente.
Tem preguiça de pensar.
Ela lê, faz exercícios, revisa, decora palavras, busca material, e sente que não avança, não vê sentido no que estuda ou enxerga a língua como um monte de regrinhas e palavras a serem decoradas.
O que lhe falta é fazer esforço meditativo para compreender tópicos mais específicos e complexos do idioma – como alguns conceitos gramaticais, por exemplo.
Esse esforço meditativo consiste em buscar entender os princípios pelos quais a língua funciona – o que é bem diferente de decorar regras gramaticais ou definições. É, além de aprender a usar o idioma e conhecer seu vocabulário, entender como ele funciona e por que funciona daquele jeito. O estudo da gramática e da etimologia ajudam muito nisso.
EXEMPLO
Vi muitos alunos com o conceito de sujeito como “aquele que exerce a função do verbo” e de objeto como “aquele que sofre a ação” – macete prático e bem simples de decorar.
Mas será que confere?
Na frase “Joãozinho abriu a porta”, tal conceito funciona bem, mas nem tanto em “A porta foi aberta por Joãozinho”. Quando se pensa “ação”, a única imagem possível que vem à mente é de uma porta abrindo, e quem a abriu foi Joãozinho, logo Joãozinho é o sujeito.
ERRADO!
O conceito correto de sujeito é “aquele com quem o verbo concorda”.
Sem entrar em detalhes de pessoas e conjugação, concordar é harmonizar, combinar, fazer sentido; e por se tratar de um verbo, tem que iniciar uma linha de raciocínio que pode exigir complemento.
Assim, não se pode dizer que aberta é o verbo. Faça o teste colocando-a diante dos possíveis sujeitos:
A porta aberta – faz sentido, mas percebe-se que aberta não é verbo: não exige complemento. é um tipo de adjetivo (um particípio).
João aberta – sem sentido algum.
E “foi”, será o verbo?
A porta foi… – faz todo sentido. Foi, então, é o verbo.
E quem foi?
A porta foi. Logo, a porta é o sujeito.
PRONTO!
Um pouco mais complicado e demorado do que buscar um agente de uma ação, porém certeiro.
Investir algum tempo meditando sobre esses princípios de funcionamento da linguagem será muito benéfico e ainda fará do estudo algo muito mais interessante e produtivo.
Mas para isso é preciso vencer a preguiça de pensar, de raciocinar e de forçar os miolos.