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PARE DE TRADUZIR MENTALMENTE #1

Muitas pessoas que têm um bom conhecimento de um idioma (entendem o que leem, o que ouvem, têm bom vocabulário etc.) travam na hora de falar. Isso é comum. A tendência natural é pegarmos o conteúdo que queremos transmitir e “leva-lo” para a área do cérebro que raciocina e lá fazer a tradução. Esse procedimento é lento e “errado” do ponto de vista da natureza da linguagem (a comunicação).

O perigo está em acharmos que isso é natural no início dos estudos de uma língua e que tal prática será abandonada com o tempo, experiência e conhecimento. Na verdade, isso pode não acontecer – e frequentemente não acontece. O segredo é não deixar esse hábito consolidar-se e, desde o início, desenvolver a tendência oposta – a de pensar na outra língua e não traduzir mentalmente.

Embora a tradução mental seja um bom recurso – às vezes indispensável – ela não pode ser a norma. Pra isso existem alguns poucos exercícios poderosos que acabam com essa tendência e treinam nossa capacidade de falar outro idioma sem passa-lo pelo filtro da tradução.

Um deles é o exercício da NARRAÇÃO.

Narre seu dia-a-dia

PASSO A PASSO

É bem simples, porém pode não ser fácil. Consiste em narrar os fatos do seu dia-a-dia no idioma aprendido.

Os passos são os seguintes:

  1. Selecione um período do seu dia em que você faz sempre a mesma coisa. Por exemplo: sua ida diária ao trabalho, à faculdade, à academia, o horário de almoço etc.. O que quiser, desde que seja algo que você faz todos os dias nos mesmos lugares.
  2. Escreva – em forma de lista, não de narração – diversas coisas que acontecem durante esse período (em português mesmo). Suponha que você escolheu seu trajeto casa/trabalho. Você vai anotar os eventos que sempre acontecem nesse percurso: pessoas andando, atravessando a rua, carros transitando, cães, pássaros, comércios etc.. Você pode tanto descrever cenários, objetos, pessoas e animais, quanto descrever movimentos e acontecimentos.
  3. Traduza esses itens para a língua aprendida. Tanto o nome dos elementos presentes (pessoas, prédios, animais, objetos etc.), quanto as qualidades necessárias para descreve-las (os adjetivos) e os verbos que expressem as ações e acontecimentos que você anotou.
  4. Escreva um pequeno roteiro na língua aprendida usando os elementos traduzidos.
  5. Narre, todos os dias, durante o período selecionado, os acontecimentos presenciados, os objetos e pessoas encontrados (descrevendo-os) etc..

Faça esse exercício por um mês – no mínimo – para sentir os resultados. 

Aproveite mais o exercício

Conforme for avançando, complemente o exercício para aproveitar melhor seu potencial. Sugiro a seguinte prática para cada semana:

  • Primeira semana: Selecione o período do dia, anote os elementos presentes nele e traduza-os.
  • Segunda semana: Narre os eventos conforme eles forem acontecendo e vai notando suas maiores dificuldades (não busque solucioná-las ainda, apenas tome nota).
  • Terceira semana: Busque a solução para aquelas dificuldades notadas na semana anterior e vai detalhando mais as coisas, usando mais adjetivos e, de novo, note as novas dificuldades.
  • Quarta semana: tente usar de orações mais complexas, com diversos tempos verbais, compare os eventos daquele dia com os do dia anterior. Por exemplo “será que hoje vou encontrar aquela pessoa no meio do caminho de novo?”, ou “ontem este ônibus estava mais cheio que hoje” etc.. Invente! Use de criatividade!

Descanse por alguns dias e repita o processo.

Este exercício, junto com o avanço nos outros aspectos do aprendizado, vai aos poucos tornar o enfadonho processo de tradução mental na natural tendência em pensar na outra língua, até chegar ao ponto em que você não precisará mais pensar para falar no idioma aprendido.

Pensar em outro idioma é ser capaz de não passar pelo processo -às vezes penoso – de tradução mental

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