Apenas desejar ardentemente e determinar-se a aprender um idioma não basta se não desenvolvermos algumas capacidades básicas que são, na verdade, prévias ao estudo de qualquer língua, embora possam ser desenvolvidas em paralelo a ela.

Uma dessas capacidades é a CONCENTRAÇÃO.

Muitas pessoas reclamam que, apesar de terem tempo e os meios para estudar, não progridem porque são dispersas, não conseguem manter o foco em uma única atividade por muito tempo. Com tempo, essa atenção dispersa leva-os ao desânimo e à desistência.

Vamos direto ao ponto:

O que é concentração?

Concentração é a capacidade de manter o foco da atenção ativa em um único ponto ou elemento selecionado e abstrair o todo resto.

Logo, a falta de concentração, a desatenção, consiste em dividir a atenção com diversos elementos estranhos ao pretendido objeto alvo.

O leitor pode reparar isso facilmente observando sua própria experiência: quando estiver tentando manter o foco em algo, repare como lembranças, sons vindos de fora, inquietação corporal, coceiras etc. vão surgindo aleatoriamente e roubando sua atenção. Esses elementos estranhos pareciam não existir antes de você tentar concentrar-se em algo. Quanto mais dividimos nossa atenção com esses intrusos, mais lentamente e superficialmente mergulhamos no assunto estudado.

Portanto, aprender a se concentrar é, antes de tudo, aprender a selecionar. Selecionar aquilo que vai receber sua atenção. E é também dominar-se. Desenvolver certo domínio corporal de modo que não nos desviemos do foco com as inquietações corporais, e que estas fiquem cada vez mais insignificantes.

Há diversos graus de concentração, e para um bom proveito nos estudos o grau mínimo exigido não é algo extraordinário, búdico, ao contrário, é algo bastante modesto – embora para muitos possa ser muito difícil de conquistar.

Exercício: aquietando as inquietações

Obviamente, quando se trata de concentração, o primeiro obstáculo a se enfrentar são as inquietações corporais, pra isso o grande filósofo brasileiro Mario Ferreira dos Santos ensina em seu livro “Integração Pessoal” um poderoso exercício respiratório que ajuda a reduzir as tais inquietações drasticamente com o tempo e prática, consequentemente, melhorando a concentração.

Para fazer o exercício:

• Sente-se em uma posição confortável, com a coluna ereta e o peito estufado. Apoie as mãos sobre as pernas com a palma voltada para baixo. Relaxe.
• Tenha à sua frente um objeto ao qual aplicará sua atenção: pode ser uma caneta, um lápis, uma borracha, um livro, um quadro na parede etc..
• Fixe o olhar no objeto durante todo o exercício e faça o máximo de esforço para não desviar o olhar dele e para piscar o mínimo necessário.
• Comece fazendo sessões de 1 minuto, depois aumente para 2, 3, 4… até sentir que o tempo de duração está bom para que o exercício seja eficiente.
• Não mova nenhum músculo que não os respiratórios durante o exercício. É muito importante fazer um grande esforço para ficar imóvel o quanto possível. Se as inquietações e distrações forem muitas, lembre-se que é apenas por poucos minutos, que passam rápido, e, ao fim desses poucos instantes, você poderá ceder a essas inquietações como uma espécie de recompensa por ter se mantido imóvel.

Tendo tudo o necessário acima pronto, siga para o exercício de fato, que consiste nos seguintes passos:

1. Inspire pelo nariz lentamente por 5 segundos enchendo os pulmões completamente.
2. Com os pulmões cheios, prenda a respiração por 5 segundos.
3. Expire lentamente pela boca durante 8 segundos até esvaziar totalmente os pulmões – controle a saída de ar para que a expiração dure os 8 segundos.
4. Com os pulmões totalmente vazios, mantenha-os assim, sem inspirar, por 5 segundos.
5. Volte a inspirar repetindo o processo.

Faça este exercício quantas vezes quiser por dia. O importante é ter constância e repeti-lo todos os dias. Você provavelmente obterá bons resultados logo nas primeiras tentativas, porém só o tempo de prática vai tornar esses resultados algo real e permanente em você.